Um tour imperdível pelo Antigo Leste Irlandês

Olá!!! No primeiro post de 2018 vou falar sobre a última viagem que fiz ano passado. Na verdade um tour.

Como vocês podem ver pelas minhas últimas publicações, eu não estou viajando muito para fora da Irlanda. Estou trabalhando demais e estou meio sem tempo. Mas, sempre que possível, tento passear dentro do país mesmo. Afinal, a Irlanda tem lugares lindoooooos e vale a pena conhecer casa cidadezinha do país.

O final do meu ano passado foi assim também, mas, aproveitei um dia que estava off do trabalho e fiz o tour para o “Antigo Leste” irlandês.

Foi aqueles passeios turísticos mesmo… com guia e ônibus fretado. Como vocês sabem, eu não gosto muito desses tours guiados, com mais mil pessoas viajando comigo e horário para fazer tudo, mas uma amiga me chamou para ir com ela e eu fui, e foi bem legal. Era um grupo pequeno (acredito que por não ser um daqueles tradicionais passeios, tipo para Cliffs ou Wicklow), então deu para aproveitar bastante e curtir cada lugar.

Bom... Vamos ao tour!!

Começamos o passeio pelo Hill of Tara, que foi a capital política e espiritual da época céltica irlandesa.

As colinas ficam no condado de Meath, próximo ao rio Boyne e dizem que é um dos lugares mais frio do país. Está certo… eu fiz a visita ao lugar no final de dezembro, no alto inverno, e lá está todo coberto de gelo, mas, realmente, estava muito frio, haha.

Por mais de dois mil anos, os Altos Reis da Irlanda, governaram as terras celtas. Depois, lá no século XI, quando St. Patrick trouxe o cristianismo para o país, as terras de Tara perderam grande parte da sua importância espiritual.

Além de ser super importante e simbólica para rituais sagrados, em Tara ainda ocorreu alguns conflitos entre britânicos e irlandeses, em 1798.

É interessante contar que esses círculos que vimos de cima nas terras de Tara, na verdade são vários buracos no chão que foram Fortes da Idade do Ferro.

Em um desses buracos, tem um tipo de círculo central, onde ficava o Royal Enclosure, que traz em seu centro a Pedra do Destino, também chamada de Liath Fáil. Essa pedra representava poder e fertilidade.

Lá encontramos ainda o Mound of Hostages, que é uma tumba megalítica construída por volta de 2500 A.C. Hoje em dia não é possível entrar dentro dela mais.

Segundo dizem, o nome da tumba provavelmente é uma referência aos prisioneiros de reinos dominados que os Altos Reis mantinham para garantir seu poder.

Por lá também tem um centro de visitação, que fica dentro da igreja, que está junto ao cemitério. O centro de visitação explica a importância do lugar.

Para visitar o centro de visitação é preciso pagar três euros. Mas, para conhecer Hill of Tara, não é necessário pagar nada.

Ahhh, é interessante dizer que, segundo falam, dos altos das colinas de Tara, é possível ver metade dos condados de todo o país.

Eu achei o lugar muito legal e indico muito.

Depois de Hill of Tara, fomos para o Trim Castle, que também fica no condado de Meath, margeado pelo rio Boyne, em uma pequena cidade que tem o mesmo nome do castelo, Trim.

A cidadezinha é uma graça, fica a cerca de uma hora de Dublin e tem bemmmmm cara de interior. A principal “atração” de Trim é o castelo, que é realmente bonito.

Bom, para falar a verdade, não conseguimos visitar o interior do castelo. Era final do ano, dia 27 de dezembro, e ninguém avisou a cia de turismo que o castelo ficaria fechado até a primeira semana de janeiro. Mas, conseguimos ver o castelo por fora, por que ele é gigante, um dos maiores castelos medievais da Europa, e também passeamos no parque que o rodeia.

No princípio, o lugar era somente um forte construído de madeiras, muito simples. Depois de ser destruído por Rory O’Connor, o último Grande Rei da Irlanda, Hugh e seu filho, Walter, começaram a construir o castelo no formato que vimos até hoje em dia.

O castelo, com o passar dos anos, foi utilizado de diferentes jeitos, como local para reuniões do Parlamento Irlandês e base militar. Então, em 1993, o lugar foi vendido para o governo irlandês, que o abriu para visitação pública em 2000.

O castelo é pura história. A visita é deve ser muito legal. É um lugar que, com certeza, quero voltar e fazer o passeio que não consegui realizar no dia do tour.

Ahhh, é legal falar que o castelo foi cenário para o filme Coração Valente.


Antes de continuar o tour, vale lembrar que, no caminho de um lugar para o outro, como em toda a Irlanda, tem paisagens lindas e, muitas vezes, nos deparamos com ruínas de castelos ou igrejas antigas.

Entre Hill of Tara e o Trim Castle, paramos rapidinho nas ruínas de Bective Abbey, uma igreja de 1147.

Bom, do Trim Castle fomos para Loughcrew, as tumbas de passagem construída em 32.000 antes de Cristo.

Assim como a tumba de Newgrange (que já escrevi sobre elas aqui), famosa pelo solstício de inverno, em Loughcrew, as tumbas também estão relacionadas aos equinócios da primavera e do outono… quando o sol nasce e ilumina todo seu interior.

É possível ver ainda nas pedras das tumbas, vários desenhos, como símbolos de sol, descrevendo tudo que acontece por dentro delas.

Loughcrew também é conhecido como Hill of the Witch (colina da bruxa), por que, segundo uma lenda, uma bruxa estava pulando de colina em colina, jogando pedras sobre elas. Na última colina ela caiu e morreu. A lenda fala que ela foi enterrada na colina que ela morreu.

Na frente de uma das tumbas, tem a cadeira da bruxa, onde você pode sentar e fazer um pedido. Mas, ninguém pode ficar sentado na cadeira por mais de 10 segundos, se estiver sozinho e, por mais de 20 segundos, se tiver com algum amigo, caso contráio você terá falta de sorte, haha.

As tumbas também ficam no condado de Meath e é um passeio muito interessante.

Depois de Loughcrew passamos por Monasterboice, ruínas de mosteiro antigo, do século 5, que fica em Drogheda, agora no condado de Louth.

Atualmente, lá encontramos um cemitério, duas importantes cruzes celtas e uma torre redonda.

As cruzes que vimos lá são muito importantes por que são as mais altas cruzes celtas do país.

Uma delas, conhecida por Mureidach, tem 5,5 metros de altura e conta com desenhos do novo e do velho testamento.

A outra cruz, que é chamada de Ocidental, fica perto da torre redonda e possui 6,5 metros de altura.

Essa cruz também é do século 10, mas, está mais desgastada e seus desenhos não estão mais tão visíveis.  Porém, é possível identificar cenas bíblicas em seus dois lados.

E, sobre a torre, que tem 35 metros de altura, os historiadores acreditam que teria servido de abrigo para os monges contra ataques Vikings.

O cemitério não é muito grande, mas é cheio de histórias, e as cruzes são muito bonitas. É uma parada durante o passeio interessante, e muito rapidinha.

O último destinando do passeio foi o centro de Drogheda. Lá nosso guia nos deixou com um guia local, que nos mostrou os principais pontos da pequena cidade.

Acredito que a mais importante parada turística de Drogheda seja a St Peter’s Church. A igreja é linda e nela está a cabeça de St. Oliver Plunket.

St. Oliver Plunket, um arcebispo católico romano, que foi perseguido pelos protestantes, até que foi preso em Londres e condenado por traição. Ele foi enforcado e esquartejado em 1681 tornando-se o último mártir católico romano a morrer na Inglaterra. Em 1975, St. Oliver Plunket foi canonizado.

Como falei, a cabeça do santo está exposta na St. Peter’s Church. Pode parecer meio assustador, haha… mas não é tanto.

Na cidade também fomos ao Saint Laurence Gate, que é o portão medieval do século 13, que fazia parte da fortificação que cercava a Drogheda.

Hoje em dia o Laurence Gate é considerado um monumento nacional e a passagem (que liga um lado ao outro da cidade) foi fechada para que não houvesse risco do portão ser danificado com a movimentação dos carros por ele.

E a cidade tem ainda outra igreja de São Pedro, que também visitamos. A St. Peter’s Church of Ireland foi construída em um lugar que provavelmente é centro de culto desde a formação de Drogheda.

Acredita-se que no lugar que hoje está a igreja, já foi uma base anglo-normanda, e não uma igreja celta. Historiadores defendem isso por causa do culto a São Pedro que existia no lugar já naquela época, e igrejas celtas não cultuam santos bíblicos.

Essa igreja de St. Peter é menor que a outra e fica um pouco mais afastada da área comercial cidade (embora também seja muito central e fácil de achar).

Bom, esses foram os pontos turísticos que conhecemos em Drogheda, e pelo que eu estava vendo na Internet, não tem muito mais o que se visitar por lá. A cidade é pequena e não tem muitas atrações turísticas, mas é bem bonitinha e vale parar por lá se estiverem passeando pela região.

Depois de todo esse tour, tivemos um tempo livre em Drogheda e voltamos para Dublin.

O tour saiu por volta das 8 horas da manhã de Dublin e voltamos cerca de 18 horas. Não foi muito longo e nem muito cansativo! Tivemos tempo de aproveitar cada ponto e conhecer lugares diferentes, sem ser naquela correria de tours guiados.

O passeio foi bem gostoso e eu recomendo, principalmente se você já tiver conhecido aqueles tradicionais pontos turísticos na Irlanda e estiver querendo fazer um tour diferente.

Texto e fotos by Flávia Pigozzi.

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