Belfast como você nunca tinha imaginado

Hoje vou falar de um passeio que é possível fazer partindo aqui de Dublin mesmo. Em um dia visitei as lindas paisagens da Irlanda do Norte, com pontes, aparentemente, bambas; castelos seculares; as montanhas que acabam no mar, que, por sua vez, se mistura com o céu e a, não menos importante, mas, talvez, menos empolgante, Belfast, a capital do país.

O passeio foi incrível. O dia estava lindo e as companhias eram maravilhosas e divertidas, o único problema foi que resolvi tentar mais uma vez fazer turismo com agência de viagem, grupo cheio de pessoas e horários para serem cumpridos. Eu realmente não gosto disso, mas, mesmo assim, valeu a pena. Porém, fiquei com aquele gostinho que querer voltar, livre, sem pressa, para fazer tudo com calma e aproveitar mais cada lugar, por que é, realmente, maravilhoso.

Saímos de Dublin bem cedinho… tipo 6h30 da manhã e a primeira parada, depois de cerca de 3 horas de viagem, foi na Ponte Carrick-a-Rede, que fica perto de Ballintoy, na região de Antrim. Chegando no lugar e durante o caminho até a ponte – pela costa, a beira mar, no alto da montanha – já dá para perceber que a paisagem é incrível.

A ponte, que parece bamba, e até que rígida, tem 20 metros de comprimento, fica a 25 metros do nível do mar e leva à pequena ilha Carrick-a-Rede. Ela foi construída por pescadores de salmão para facilitar a travessia entre a ilha e o litoral. Em dias de ventos fortes falam que ela balança um pouco, mas como fui em um dia tranquilo e de tempo aberto não passei medo nenhum e super recomendo fazer esse passeio e passar pela famosa ponte. A visão é recompensadora. Para atravessa-la é preciso desembolsar 6 euros, mas vale a pena.

De lá, fomos ao Giant’s Causeway –  ou Calçada do Gigante. Outro lugar muito bonito da Irlanda do Norte, com uma paisagem incrível, onde o azul do céu e do mar também de misturam e se encontram com as milhares de pedras de basalto formadas há milhões de anos, depois de uma erupção vulcânica.

Mas, o mais legal da Calçada do Gigante é a lenda sobre o local. Segundo falam, um gigante irlandês queria enfrentar um gigante escocês, mas como não existia um meio de transporte que levava um ao encontro do outro, o gigante irlandês construiu uma calçada para ligar os dois lados, porém o irlandês percebeu que o rival era maior e mais forte que ele. A esposa do irlandês viu que o marido estava amedrontado e o vestiu de bebê. Dessa forma, quando o escocês chegou para o confronto e viu o bebê gigante ficou assustado com o tamanho da criança, imaginou como seria o pai dela e saiu correndo de volta para a Escócia. Para garantir que não seria perseguido, o escocês destruiu toda a calçada, restando somente o que há atualmente. Por isso o nome Calçada do Gigante.

Bom… com lenda ou sem lenda, o lugar é mesmo muito legal e vale a visita. A Calçada do Gigante também fica em Antrim e não é preciso pagar nada para visita-la – somente o museu que tem por lá, contando a história do local, é pago, mas todo mundo fala que não vale a pena.

Ainda na região de Antrim visitamos o Dunluce Castle. As ruínas de um castelo medieval que fica também a beira de uma alta montanha que acaba no oceano, formando uma fotografia linda.

Mas, todos esses lugares eu quero voltar e visitar com calma. Principalmente onde está a ponte e o Giant’s Causeway, pois teve áreas que não consegui ir ou passei muito rápido devido ao tempo da excursão.

Do Castelo fomos para Belfast. Na cidade passamos pela região que fica o Museu do Titanic. Para quem não sabe, o navio foi construído na cidade, aliás, o museu fica no mesmo local onde o Titanic foi feito. Mas, não entramos no museu. Todo mundo fala que seu acervo não é lá tão interessante e que não vale a pena pagar £15.50 para ver apenas alguns detalhes da história do navio – que já é conhecida mundialmente, rsrs. Porém, essa região da cidade é bem bonita.

Em Belfast caminhamos ainda pelo centro da cidade, onde vimos a Prefeitura, que é bem bonita e tem um jardim muito gostosinho; o Albert Memorial Clock, um mini Big Bem, como algumas pessoas o chamam, que, foi construído em 1865 e traz um estatua do príncipe Albert; e os Muros, conhecidos como linha da paz, que separam a cidade em duas regiões, a dos católicos e a dos protestantes.

Algumas partes dos muros foram pintadas com arte urbana (lembrando o Muro de Berlin, na Alemanha). As imagens aparentemente “quebram”, um pouco, o “clima” pesado dos conflitos que esse muro, na realidade, representa para a cidade, mas, quem conhece um pouco mais da história de Belfast consegue perceber que no lado protestante do muro estão pintadas figuras como da família real britânica, e, já no lado católico, as imagens são relacionadas ao IRA (Exército Republicano Irlandês) e aos revolucionários. Há uma programação para que esses muros sejam destruídos em 2023, mas, muita gente dúvida que isso aconteça… até por que, atualmente, eles são um importante ponto turístico da cidade.

Para quem não sabe, aqui vai um pouco sobre a história do país e a guerra que marcou a ilha. A Irlanda é dividida em República da Irlanda, que tem como capital Dublin e é predominantemente católica, e Irlanda do Norte, cuja a capital é Belfast e segue a doutrina protestante. A Irlanda do Norte pertence ao Reino Unido e, na década de 1960, quando os católicos ligados a República da Irlanda quiseram unir o Sul e o Norte da ilha, contrariando a vontade dos protestantes da Irlanda do Norte, que desejaram continuar fazendo parte do Reino Unido, os conflitos se iniciaram. No meio disso tudo, o grupo IRA apareceu, promovendo um monte de atentados e causando milhares de morte. Em 1998, foi fechado o Acordo de Belfast, também chamado de Acordo da Semana Santa, que tornou a Irlanda do Norte ligada ao Reino Unido, diminuindo muito os conflitos. E, em 2002, o IRA acabou “desaparecendo”. (para quem quer saber mais sobre os conflitos… achei esse seguinte link do Estadão que explica um pouco mais sobre o assunto).

Mas, em menores proporções, pode se falar que os conflitos existem até hoje e que a cidade ainda é total dividida. Há, ainda, separação das regiões… têm o lado onde apenas os protestantes moram e a zona em que só vivem os católicos… até mesmo nas escolas, hospitais e cemitérios existem essa segregação. Somente o centro da cidade é uma região considerada mais mista.

A cidade é bem bonitinha. É uma mistura de Dublin e Londres, porém não é superr turística. Eu visitei a cidade sem saber muito sobre ela…Fiz a viagem meio no “susto” e não tinha conseguido ler muito sobre Belfast e seu espontos turísticos. Somente depois que passeei pela cidade fui ler sobre seus locais para turistar e vi o que não consegui visitar, como a St. Anne’s Cathedral e o SS Nomadic, um navio que foi feito pelo mesmo designe do Titanic e que levou quase 200 passageiros para embarcar na viagem inaugural do Titanic em 1912. O navio, que foi recentemente restaurado e aberto ao público, fica na frente no Museu do Titanic.

Também não visitei o Big Fish, uma estátua de 10 metros que foi construída para celebrar a regeneração do Rio Lagan. Na “pele” do peixe tem imagens e textos sobre a história de Belfast. E, o que mais fiquei com vontade de conhecer e não deu tempo foi o St George’s Market,  que é muito famoso e antigo na cidade. O mercado foi construído entre 1890 e 1896 e é considerado um dos melhores mercados do Reino Unido e da Irlanda, com suas tradicionais barraquinhas de comida, artesanato, roupa e seus conhecidos “eventos” como City Food and Craft Market”.

Eu paguei por esse meu passeio 35 euros, mais os 6 euros para atravessar a ponte e mais a alimentação. Porém, quando eu voltar ao país pretendo alugar um carro e dividir as despesas com os amigos. Dessa forma acredito que o passeio pode ser ainda melhor e aproveitado, pois, como falei, fiz a viagem por excursão e eu realmente não gosto de turistar assim. Foi tudo muito rápido e me deixou com gostinho de quero mais.

Eu sugiro que o passeio pela Irlanda do Norte seja feito em, pelo menos, dois dias. Um para aproveitar com calma tudo que a costa oferece e o outro para aproveitar a cidade, sem pressa também… para poder relaxar, conversar com as pessoas e viver, nem se for um pouco, a cultura norte irlandesa.

Assim como tudo da Irlanda e na Irlanda do Norte, para aproveitar bem o passeio, principalmente, a região da costa do país, é super importante tentar fazer a viagem em um dia que o tempo esteja bom e aberto. Eu tive a sorte, gostei muito do dia que passei no país e recomendo para todos esse passeio.

Até!!! Beijos!!!

Texto e fotos by Flávia Pigozzi

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